Prefácio

Este Blog destina-se a falar de veleiros, navegadores, e também contar as aventuras do nosso veleiro Bella Mar. O Bella Mar é um veleiro MB 45´construído em Porto Alegre pelo sr. José Carlos Cristini, de quem eu adquiri o barco em outubro de 2010. A construção do Bella Mar, que chamava-se Paradoxo, teve início em 1998 e terminou em 2003. Na sua construção foram usados reforços extras além de placas de Divinicell no convéz e costado. A carpintaria foi feita pela Barcosul. A quilha, agora de chumbo, e o leme foram re-projetados pelo Carabelli, e o seu novo calado é de 1,65m. a mastreação, fabricada pela Farol Náutica, também teve a sua altura reduzida em 2 m, e tem armação em Cutter com cruzetas anguladas. ________________________________________________________________________ Bons Ventos a Todos, ______________________ Munir Ricardo Alle

28 de fev. de 2012

Rio Grande Punta del Este

Seguindo de Rio Grande Punta del Este

Finalmente as condições ficariam favoráveis na madrugada de domingo para segunda feira dia 13 de fevereiro de 2012. Assim pegamos um ônibus de volta para Rio Grande e as 1700hs estávamos no RGYC preparando o Bella Mar para a próxima perna.
O dia estava quente e ensolarado, então logo começamos a arrumação de tudo a bordo. Aproveitamos para trocar a adriça do Balão, pois esperávamos usá-lo. Também coloquei a ancora CQR que comprara assim que chegamos em Rio grande, para substituir a que foi perdida no temporal na perna anterior. No final do dia a tripulação nadou um pouco na piscina do clube e fomos nos recolher cedo. Obs. Eu não nadei porque ainda tinha o meu dedo do pé imobilizado, pois havia quebrado-o na perna anterior.
Quando nos preparávamos para fechar o barco, ouvimos um ruído de um barco se aproximando. Estava chegando um barco Frances de aço de uns 52 pés. O barco parecia uma aparição fantasmagórica. Eu não me atreveria a entrar nele sem antes verificar a validade da minha vacina anti-tetânica. Ajudamos o Frances e o Uruguaio que estavam a bordo a atracar. Daí eles nos perguntaram onde estavam, pois eles queriam ir para o trapiche do Museu que fica ao lado do clube. Depois de ajudarmos os recém chegados voltamos para dormir.
2ª feira as 0615hs soltamos as amarras e nos deslocamos lentamente passando pelo porto antigo em direção ao Oceano Atlântico, enquanto tomávamos o café da manhã. O dia amanheceu sem nem uma nuvem no céu e havia uma leve névoa matinal. Já passando pelo TECON encontramos alguns golfinhos que sempre são bem vindos. Avançávamos a 7,5 nós a maré estava neutra, não havendo corrente. Durante este trajeto o Silvio e o Alexandre foram tirando fotografias e as 0743hs entramos oficialmente no mar.
Seguimos motorando e com a vela grande içada, pois o vento estava muito fraco ainda. As 1100hs abrimos a trinqueta e subimos o Gennaker. Assim que o abrimos notamos um pequeno rasgo bem no topo central da vela. Tornamos a baixá-lo para consertar.
Refeita toda a operação voltamos a velejar sem aquele ruído do motor. O barco fazia 6 nós e sabíamos que estava muito bom, o vento ainda era fraco, mas tudo dizia que iria aumentar, pois assim é o nosso Nordestão.
Estávamos velejando em 20 mts de água, nada de azul profundo, ainda um mar verdinho. Mesmo assim decidimos Largar uma linha de pesca na água e o Alexandre foi preparar o almoço. Churrasco! Não podia ser melhor... Nem havíamos terminado de comer e o vento já havia aumentado um pouco e navegávamos a 7,5 nós.
Passamos por três barcos pesqueiros e alguns navios sem stress durante o dia, pois a visibilidade era excelente e de noite o AIS e o Radar nos mantinham bem informados.
A velejada seguia muito bem. O Alexandre dormindo sempre que podia, o que nos deu muito motivo para pegar no pé dele dar muitas risadas. O Silvio Tirando sarro da nossa pobre isca artificial, pois não pegávamos nada... Quando começou a anoitecer o Alexandre, já desiludido disse que ia tirar a linha da água. Então eu, mais otimista, disse: Não... agora é a hora dos predadores noturnos! Deixa a linha n’água. Por pura sorte, algumas horas mais tarde, pegamos um peixe Espada. Foi a atração principal da noite. Como se limpa um peixe Espada? Depois de muitas tentativas o Alexandre chegou a um resultado satisfatório, e embalou o peixe e colocou-o na geladeira. No dia seguinte comeríamos o pescado no almoço.
Por volta das 0230hs cruzamos a linha da fronteira entre o Uruguai e o Brasil. Aproveitamos a oportunidade para tomarmos um champagne. Apartir deste momento deve-se comunicar com o controle marítimo do Chuí (Chuí control). Eles pedem todas as informações sobre o barco (é bom ter o registro a mão), além de numero de tripulantes, posição, proa e velocidade. Manteríamos contato por radio, respectivamente com La Paloma Control e Punta Control na Altura de José Ignácio, até a nossa chegada ao Porto de Punta Del Este. A cada contato deveríamos atualizar o nosso ETA.
A noite passou rápido e o dia amanheceu com um vento um pouco mais forte e já fazíamos 8 nós pela manhã. Logo era hora do almoço novamente e o Alexandre voltou a fazer churrasco. Só que dessa vez também tinha peixe na brasa e mais champagne (isto da uma idéia de quão tranqüila era a nossa navegada). Novamente o vento aumentou por volta do meio dia e terminamos o churrasco velejando a mais de 11 nós. Por volta das 1400hs demos um Jaibe e apontamos a proa direto para Punta Del Este.  Logo foram passando os cenários conhecidos, Avistávamos a de longe la Isla de los Lobos, el Faro de José Ignácio, La Barra e por fim Punta Del Este.
As 1745hs do dia 14/02/2012 estávamos amarrando o Bella Mar no porto de Punta Del Este. Todos muito contentes e com vontade de velejar mais.
 
 A viagem foi perfeita. céu de Brigadeiro, mar de Almirante e ventos favoráveis. A tripulação foi divertida e competente. Os problemas mais graves, se é que pode-se dizer assim, foram a perda da âncora, e uma mangueira usada para verificar o nível nos tanques de água que fora mau posicionada e acabava funcionando como um sifão, drenando água do tanque para a santina. Problema este resolvido com um alicate de pressão que interrompeu o fluxo de água na mangueira.
Deixo aqui o meu agradecimento ao Silvio e o Alexandre que são tripulantes que serão sempre bem vindos a bordo!
Em outro momento escreverei sobre a parte burocrática de se chegar e sair do Uruguai.

Um comentário:

  1. Munir, grande velejada! Melhoras para o dedo!
    Muito bom manter os 11 kn!

    Abraços,

    Alexandre
    Black Swan

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