No dia 22 de fevereiro, uma quarta feira, eu e a minha esposa decidimos levar o Bella Mar para Piriápolis, porto muito conhecido a oeste de Punta del Este em direção a Montevideo. A cidade é muito bonita e organizada. Ela é menos sofisticada do que Punta Del Este, o que a torna mais barata também.
A viagem começou as 1000hs com céu claro e algumas nuvens. No dia anterior soprara um forte vento sul, e as ondulações eram bem grandes, contudo naquela quarta feira o vento estava calmo até de mais para o meu gosto. Fizemos toda a burocracia junto a Hidrografia e Prefectura Naval, e depois de todos os carimbos, e pagamentos soltamos as amarras.
Logo que saímos subi a vela grande, ou melhor, tentei subir a vela grande, mas não conseguia fazer o top passar da 2ª cruzeta. Depois de algumas tentativas frustradas consegui ver que um dos parafusos que fixam o trilho da vela grande ao mastro havia saído um pouco e impedia o carrinho da vela de passar daquele ponto. Como o vento estava fraco mesmo, decidi baixar a vela e motorar até Piriápolis.
Foi um trecho muito chato, as ondas remanescentes do dia anterior eram picadas e muito desencontradas, pois batiam contra a costa e voltavam, fazendo a viagem bastante desconfortável mesmo para um barco pesado como nosso. Logo aconteceu o que eu temia, minha esposa começou a ficar um pouco mareada e então se deitou no convés. Com os olhos fechados. Ofereci um Dramim, mas ela disse que não precisava e que ficaria bem.
Passado mais um tempo ela disse que um Dramim não seria má ideia. Fui procurar o remédio e não encontrava. Sabia que tinha trazido na viagem. Fiz a maior bagunça no barco, tirei tudo do lugar e não achei o raio do remédio, quando então me lembrei de que foi uma das ultimas coisas que trousse para o barco e estava na minha mochila, que tinha ficado no apartamento.
Resolvi apelar então e dei a ela um Plasil. Este é um remédio antivômito, caso ela tivesse vontade de vomitar, e também estava apostando no efeito placebo, caso fosse algo de natureza psicológica. Bem, funcionou. Ela não vomitou e foi sentindo-se melhor na medida em que nos aproximávamos de Piriápolis e as ondas diminuíram um pouco. Logo ela me perguntou: “que remédio você me deu? Não era Dramim, pois não me senti da mesma forma que eu me sinto quando tomo Dramim.” Fui obrigado a confessar o meu esquema...
O bom é que ela aguentou muito bem e até gostou da experiência. Fiquei muito orgulhoso da minha Almirante. Preciso salientar que eu sou o Capitão da nau. Tomo todas as decisões a bordo e estou sempre certo. Minha esposa é a Almirante, pois ela é quem diz se posso ir a bordo ou não....
A viagem demorou duas hora e meia e chegando a Piriápolis atracamos ao Lado do Paratii que está já no fim de sua Temporada naquele porto. Depois de toda a burocracia novamente, Também encontramos velhos amigos, como o Alejandro da SAMS, o pessoal do Cocolo, o Gaucho, a Elisa e fizemos amizade com o Igor, nosso vizinho que é o atual capitão do famoso Paratii do Amir Klink.
Piriápolis é uma cidade de veraneio bastente bucólica. Muito diferente de Punta del Este e menos badalada. Contudo tem um porto bem mais voltado para veleiros doque para "ver e ser visto". Lá encontra-se veleiros do mundo todo. Normalmente estão a caminho da Pataônia e cabo Horn, ou voltadno de lá. Também é um bom porto de partida para Africa do Sul.
Há restaurantes muito bons a preços razoáveis. Nada no Uruguai está muito barato hoje em dia. Aproveitamos para comer no Don Quijote um restaurante muito bom que só abre de novembro até o feriado da Pascoa. A brotola é muito boa mas eu recomendo a paella, que é a melhor que eu já comi. Só é servida de 5a a domingo, e é bom chegar ao meio dia, pois se demorar muito já não vai ter mais.
O barco ficará em Piriápolis até que voltemos.
A cima: Paella;
A esquerda: Brotola Grelhada.